Exaltação da Santa Cruz | Dom Lucas Henrique Lorscheider

 

EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ


Queridos irmãos e irmãs,

A Igreja inteira eleva os olhos e o coração para o mistério central da nossa fé: a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aquilo que no mundo antigo era sinal de derrota, humilhação e vergonha, tornou-se para nós o sacramento do amor de Deus, o trono da vitória e a árvore da vida.

A festa que celebramos, a Exaltação da Santa Cruz, tem raízes históricas — na dedicação da Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém e na restituição da relíquia da Cruz à Cidade Santa — mas o mais importante é que, liturgicamente, somos convidados a proclamar e viver o mistério pascal de Cristo: “Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12,32).

Hoje, como bispo e pastor, desejo partilhar convosco também a relação íntima desta festa com o meu próprio brasão episcopal, no qual está inscrito o lema: “In Cruce Salus et Vita”Na Cruz, a Salvação e a Vida. Não é apenas uma frase, mas uma síntese daquilo que celebramos neste dia.

No Evangelho proclamado (Jo 3,13-17), ouvimos que Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único, para que todo aquele que nele crer tenha a vida eterna. A Cruz é a prova suprema desse amor.

São Paulo, na carta aos Gálatas, chega a afirmar: “Quanto a mim, longe esteja gloriar-me a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl 6,14). O apóstolo compreendeu que a cruz não é derrota, mas fonte de vida nova.

O lema do meu brasão episcopal — In Cruce Salus et Vita — traduz exatamente isso: na cruz encontramos não apenas a salvação que nos liberta do pecado, mas também a vida plena que nos abre para a eternidade. Cada vez que fazemos o sinal da cruz, proclamamos essa verdade: somos redimidos, somos filhos, somos salvos.

A festa de hoje nasceu em Jerusalém, ligada à memória da descoberta da Cruz de Cristo e à dedicação da Basílica do Santo Sepulcro. Esses acontecimentos recordam que a fé cristã está enraizada em fatos concretos, em lugares santos, em tradições vivas.

Mas a Cruz não é apenas história passada. Ela é também presente em nossa vida pessoal. Cada cristão é chamado a “tomar a sua cruz” (Lc 9,23), ou seja, viver as dificuldades, sofrimentos e renúncias como caminho de fidelidade e amor.

O brasão episcopal, que reúne símbolos de missão, serviço e entrega, é coroado por esse lema que nos lembra: o ministério episcopal só tem sentido se estiver firmado na Cruz de Cristo. O mesmo vale para todos nós: nossas famílias, nosso trabalho, nossas alegrias e dores precisam ser unidas ao madeiro da salvação.

A Cruz não é estática, não é apenas objeto de veneração. É dinamismo, é missão. Jesus disse: “Quando eu for elevado, atrairei todos a mim”. Essa elevação é anúncio, é evangelização.

Celebrar a Exaltação da Cruz é comprometer-se a ser missionário do amor de Deus no mundo. É anunciar que, mesmo diante das guerras, das dores e das injustiças, a última palavra não é da morte, mas da vida.

É aqui que ressoa mais forte o lema episcopal: In Cruce Salus et Vita. Se na cruz encontramos salvação e vida, então nosso testemunho deve ser sempre fonte de esperança para os irmãos e irmãs. Carregar a cruz não significa estar derrotado, mas proclamar que o amor é mais forte do que qualquer mal.

Queridos irmãos,
Hoje a Igreja nos ensina que a Cruz, que foi instrumento de suplício, tornou-se árvore de vida e fonte de esperança.

Que, ao contemplar a Cruz exaltada, cada um de nós se lembre de que ali está a síntese da nossa fé: “In Cruce Salus et Vita”. Na Cruz encontramos força para viver as dores da vida, coragem para testemunhar a fé e esperança para caminhar em direção à eternidade.

Convido cada um, a renovar o sinal da cruz não como gesto automático, mas como verdadeira profissão de fé: Na Cruz está a nossa salvação, na Cruz está a nossa vida.

E que Maria, aos pés da Cruz, nos ensine a permanecer firmes no amor de Cristo, para que possamos sempre viver com gratidão, esperança e fidelidade o mistério que hoje exaltamos.

Amém.

 LUCAS HENRIQUE LORSCHEIDER

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