DOM LUCAS HENRIQUE LORSCHEIDER EP
CARTA DE FELICITAÇÃO
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, que jamais abandona a sua Igreja e, em cada tempo, suscita pastores segundo o Seu Coração para conduzir o Seu Povo Santo pelos caminhos da verdade, da justiça e da caridade que salva. É com profunda alegria, sincera admiração e filial devoção que me uno a todo o Povo de Deus para felicitá-lo pela sua nomeação à nobre, exigente e providencial missão episcopal na Diocese de Grão-Pará. Que as graças derramadas sobre o senhor neste momento singular possam frutificar abundantemente na vida e na história daquela Igreja particular, confiada agora à sua paterna solicitude.
A nomeação de um bispo é sempre um momento de júbilo para a Igreja, mas também de renovação espiritual e pastoral. É ocasião para revigorar a fé, reacender a esperança e restaurar a caridade em sua forma mais elevada: aquela que nasce do coração de Cristo e alcança todos os seus fiéis. É, sobretudo, um sinal de que Deus nunca deixa de caminhar com o seu povo. Através do Sucessor de Pedro, que o chamou para este serviço, o senhor se torna presença visível do Bom Pastor, que conhece suas ovelhas, as chama pelo nome e dá a vida por elas.
Permita-me, portanto, expressar com sinceridade e profundidade a alegria que ressoa na Igreja ao contemplar o senhor assumindo essa missão: alegria que nasce de sua vida de fidelidade, de seu testemunho sacerdotal, de sua dedicação apostólica e de seu amor filial à Santa Igreja. Sua nomeação não apenas honra a sua trajetória, mas também projeta uma luz nova sobre o futuro da Diocese de Grão-Pará, que agora o recebe como pastor, mestre, guia, irmão e pai espiritual.
A Diocese de Grão-Pará — marcada por sua história missionária, pela força de seu povo, pela piedade simples e profunda, pela tradição católica arraigada e pela vivência comunitária que guarda traços do Evangelho — é um território sagrado onde Deus escreve capítulos luminosos de amor e doação. Ali, a fé dos pequenos, dos trabalhadores, das famílias e das comunidades ressoa como um cântico que há muito pede um pastor dedicado, prudente, zeloso e ousado na caridade.
Sua nomeação chega, portanto, como resposta às súplicas da população, aos anseios dos agentes pastorais, ao clamor silencioso daqueles que carregam cruzes invisíveis e à esperança daqueles que aguardam a presença firme de um bispo que una, confirme, anime, cure e fortaleça.
Na missão episcopal, o senhor encontrará corações sedentos de Deus — e estes corações o acolherão com ternura, com respeito e com aquela infalível confiança que o povo de Grão-Pará sabe demonstrar àqueles que caminham com ele. Ali, Dom Victor, o senhor descobrirá mais uma vez aquela alegria profunda de ser padre: alegria de oferecer Cristo às almas, de ser ponte entre Deus e seu povo, de ser instrumento da graça e ministro da verdade que liberta.
Em cada nomeação episcopal, a Igreja reaviva o mandato de Cristo aos Apóstolos: “Ide e fazei discípulos”. O senhor, chamado agora ao colégio dos sucessores dos Apóstolos como pastor de uma Igreja particular, assume uma missão gravíssima e gloriosa. Gravíssima, porque exige o dom de si até às últimas consequências. Gloriosa, porque, por meio dela, o senhor participa da própria missão do Cristo Pastor, Mestre e Servo.
Desejo, pois, exortar-lhe com ânimo e coragem.
Tenha coragem, Dom Victor, pois a missão é divina. Não tema diante das dificuldades, das incompreensões, das fadigas e das noites escuras que inevitavelmente surgem na condução do rebanho. O próprio Senhor, que o chamou, o sustentará. Ele prometeu: “Eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos”. A coragem que nasce dessa promessa não é mera força humana, mas certeza sobrenatural.
Tenha ânimo, porque o Espírito Santo o precede em todas as suas ações episcopais. O bispo nunca atua sozinho: o Paráclito é o autor de todo fruto que nasce da pregação, da santificação e da direção feita em nome de Cristo. Onde o senhor for, o Espírito irá; onde o senhor levantar a mão para abençoar, Ele derramará graça; onde o senhor falar com autoridade, Ele confirmará; onde o senhor sofrer pelo Evangelho, Ele lhe dará consolação.
Tenha firmeza, porque um bispo é chamado a ser coluna de verdade. O povo de Deus espera de seu pastor clareza doutrinal, fidelidade absoluta ao Magistério, amor pela Liturgia, zelo pela santidade da Igreja e dedicação total às almas. Um bispo que guarda a verdade é um farol para os fiéis e uma muralha contra os erros.
Tenha misericórdia, porque é próprio do pastor tocar as feridas. A misericórdia não enfraquece a verdade, mas a torna mais luminosa. Em seu pastoreio, o senhor encontrará corações feridos, famílias dilaceradas, jovens desorientados, idosos solitários, sacerdotes cansados e consagrados que precisam ser fortalecidos. Seja para todos imagem da ternura de Deus.
A caridade pastoral é o centro da missão do bispo. Ela é, como dizia São João Paulo II, “a alma do ministério”. É o dom que faz com que o pastor não viva para si, mas para Cristo e para os que lhe foram confiados.
A vida do bispo é uma oblação permanente: no altar, no confessionário, na administração, nas visitas pastorais, nos encontros com o clero, na proximidade com os pobres e excluídos, na direção da pastoral, na condução das paróquias, seminários, movimentos e comunidades.
Sua nomeação, Dom Victor, é um convite a reacender essa caridade em todos os que o cercam. Um bispo santo faz nascer sacerdotes santos. Um bispo fervoroso anima o presbitério. Um bispo firme fortalece a unidade diocesana. Um bispo contemplativo desperta o desejo de santidade. Um bispo profundamente humano e profundamente de Deus transforma o tecido eclesial inteiro.
A Diocese de Grão-Pará verá em seu novo pastor não apenas um administrador, mas um pai. Não apenas um mestre, mas um amigo. Não apenas um guia, mas uma presença que reconcilia, fortalece e constrói.
Permita-me recordar, com humildade, aquilo que a Igreja espera de um bispo nos tempos atuais:
- Que seja testemunha viva de Cristo, e não apenas um representante institucional.
- Que seja defensor da verdade, mesmo quando custar aplausos.
- Que promova a santidade do clero, garantindo formação sólida, vida espiritual, acompanhamento e unidade.
- Que ame a Liturgia, preservando a sacralidade e cuidando do culto a Deus como seu bem mais precioso.
- Que cuide dos pobres, levando-lhes o rosto compassivo de Cristo.
- Que caminhe com seu povo, não distante, mas presente.
- Que seja homem de oração, pois sem ela o episcopado perde sua alma.
- Que governe com prudência e fortaleza, equilibrando firmeza e mansidão.
- Que tenha coração missionário, sempre disposto a “sair”, a visitar, a acolher, a evangelizar.
- Que seja homem de comunhão, construindo pontes, não muros.
Tudo isso, Dom Victor, o senhor já demonstrou ao longo de sua vida sacerdotal. Sua nomeação apenas confirma aquilo que muitos já reconheciam: Deus encontrou em sua vida um terreno fértil.
Os fiéis de Grão-Pará o aguardam com expectativa serena e esperançosa. Esperam ouvir sua voz, receber sua bênção, sentir sua presença, aprender com sua sabedoria e, sobretudo, crescer na fé sob seu pastoreio.
O clero diocesano — padres, diáconos, seminaristas e consagrados — verá no senhor uma referência de fidelidade ao Evangelho. Eles esperam alguém que caminhe com eles, que os conheça, os escute, os oriente, os anime e os fortaleça nos momentos de dificuldade.
As famílias esperam um pastor que as ajude a enfrentar os desafios contemporâneos com fé, firmeza e esperança. Os jovens esperam um bispo que os inspire. Os idosos esperam palavras de consolo. Os pobres esperam mãos estendidas. As comunidades esperam direção segura.
E todos, sem exceção, esperam santidade.
Permita-me fazer um apelo: não perca a esperança. Um bispo não é chamado a ser gestor de crises, mas testemunha da esperança cristã. A esperança é a força que mantém o pastor firme quando tudo parece contrário; é a certeza de que Deus conduz sua Igreja; é a confiança de que nenhuma cruz é maior que a graça.
A esperança o sustentará em sua missão, e sua missão sustentará a esperança do povo.
Em nome de todos os que o admiram, o estimam e o acompanham espiritualmente, desejo-lhe um episcopado fecundo, luminoso, profundamente santo e plenamente configurado a Cristo. Que Maria Santíssima, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos, envolva seu ministério com sua ternura materna. Que São José, guardião da Igreja, o proteja. Que os santos padroeiros de Grão-Pará o inspirem diariamente.
E que o senhor viva seu episcopado como quem vive um grande “sim” a Deus — um “sim” humilde, total e irrevogável.
Receba, pois, Dom Victor, o testemunho profundo de minha alegria e minha comunhão orante. Que seu ministério seja frutuoso, audacioso, manso e firme, marcado pelo zelo apostólico que caracteriza os verdadeiros pastores chamados por Cristo.
Em Cristo, único Pastor e Senhor,


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