Mas hoje São Paulo nos vai dar a escada para chegar ao alto. Ela tem alguns degraus. Vamos prestar atenção: quais são, para chegar até o alto grande?
São Gregório Magno dizia que São Paulo é o grande modelo do formador, do pastor, do pregador. Ninguém fez isso tão bem como ele. E tem razão: São Paulo é incomparável.
Em São Paulo hoje, a gente percebe que, na estreita desta carta, ele tem uma finalidade muito clara. Mas, como um mestre, ele vai aos poucos. Ele, em vez de exigir que as pessoas subam uma montanha num salto, oferece os degraus. Para chegar até o topo, nós temos que passar por degrau por degrau.
São Paulo vai começar assim: “Vós sois amados por Deus. Sois os seus santos eleitos.”
Primeira coisa: um ânimo. Sois amados por Deus. Puxa, eu sou amado por Deus! Só isso já me dá força para tudo.
Por isso, porque eu sou amado por Deus, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão...
Primeiro degrau: suportar. Está pedindo muito mais do que suportar.
Mas o que é suportar? Suportar é uma coisa da qual eu não gosto... mas vamos lá.
Vou carregar isso aqui. Você está carregando uma mochila pesada. É necessário. Não posso deixar essa mochila, mas eu vou usar. Eu não gosto de despesa, mas vamos levar. Ok? A gente só suporta.
Pode acontecer até na família. Tem momentos em que o relacionamento dentro da família — esposo e esposa, entre filhos — às vezes é dentro da empresa, às vezes é até dentro da igreja. Deus está pedindo: suportar.
Suportar a vontade. Suportar. Suportar a vontade. Suportar a vontade.
Após isso, São Paulo vai pedir um próximo degrau: perdoando-vos mutuamente. Se eu tiver queixa contra você, ou você contra mim, suportar até dar... e perdoar.
O que é perdoar? A etimologia da palavra perdoar, a origem da palavra, é perdonar. Per é por completo. Donar é dar. Dar por completo. Entregar o coração a você.
O perdão verdadeiro só se dá quando vive. Fala Santo Agostinho: quem diz que perdoou e continua lembrando, não perdoou.
Perdoar. Como que a gente perdoa? A gente só é capaz de perdoar por amor a Deus.
Não tem como perdoar uma pessoa só pelo perdão, porque isso fica aquela ferida no coração que a gente vai lembrar a vida inteira. Quando alguém faz algo contra nós, nós fazemos o seguinte: Meu Deus, eu aceito por amor a Deus. Eu perdoo por amor a Deus.
Aí a gente consegue perdoar, se tiver queixa contra o outro. Mas esse não é o último degrau ainda.
É que São Paulo chega, mas sobretudo, aí está o degrau supremo: amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição.
Não basta suportar, não basta perdoar. É necessário amar.
Mas a gente fica em controle do outro. Chega um momento em que o convívio entre marido e mulher é tão duro, que a pessoa tem a impressão de ser impossível amar de novo. “Ah, eu já não amo mais.”
E há um ditado que às vezes aparece: “amor não se restaura”.
O amor sobrenatural não funciona assim.
O verdadeiro amor é só o sobrenatural. É o símbolo de amar: “te amar por amor a Deus.”
Eu amo meu marido. Eu fiz um voto diante de Deus de levar este matrimônio até o fim da minha vida. Eu amo por amor a Deus. Eu o amo. Ele é a pessoa que Deus colocou no meu caminho.
Eu amo a minha esposa com os defeitos que tem. Eu já a suportei. Eu já a perdoei. Eu a amo.
Nossa Senhora! Aí o convívio muda completamente. Por quê? Porque o amor é o vínculo da perfeição.
E São Paulo vai dar o resultado. O fruto disso é que a paz de Cristo reine em nossos corações.
A paz é a paz. Uma família na qual há suportar, há perdoar e há amar vai ser uma família de paz.
Se há só amor, sem perdão e sem suportar, não há paz.
Se há só suportar, sem perdão e sem amar, não há paz.
Se há só perdão, sem suportar e sem amar, não há paz.
A paz é resultado dessas três coisas: suportar, perdoar e amar.
Que Nossa Senhora nos dê esta graça de todo o convívio que existe para nós: suportar, perdoar e amar, para que a paz de Cristo reine em nossos corações.
Abençoe-nos o Deus Todo-Poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Salve Maria.
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